sábado, 22 de janeiro de 2011

57° Alvorecer - Campanha pelo delírio


Campanha pelo Delírio

Penso que haveria mais justiça no mundo
se Manuel de Barros tivesse, não uma,
mas duas cadeiras
na Academia Brasileira de Letras

Sua poesia merece esparramar

Abaixo das cadeiras
um charco
que aparace exageros

é preciso pôr alucinação
no verbo arquitetônico

a palavra, só
não delira

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

56º alvorecer -Haikai e as lições naturais(parte 26)


buceta
.
até na palavra
tem bafo




de quem são as palavras?
esse textículo mesmo,
formalizado, postado como hai-quase,
foi dito por um amigo... não lembro se exatamente assim.
Seria injusto não creditar a ele o aparecimento da imagem,
da sabedoria empírica transmutada em palavras.
sabidão

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

55º alvorecer - Festival de Cinema Baiano (entrevista)


Republico a entrevista feita por Daniela e aproveito para recomendar seu blog: http://operariadasruinas.blogspot.com/




Durante o período de 09 a 13 de janeiro de 2011 Ilhéus, Bahia, Brasil irá sediar o I Festival de Cinema Baiano, um evento organizado pelo NUPROART (Núcleo de Produções Artísticas). O FECIBA conta com o apoio de diversas instituições e será realizado com financiamento público, concedido pelo Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia (IRDEB), a partir do l Edital de Mostras e Festivais Audiovisuais. A seguir, uma entrevista realizada por Operária das Ruínas, na qual se tem um bate papo com um dos organizadores do evento, o comunicólogo Victor Aziz.


Operária das Ruínas - De que maneira nasceu a proposta do I Festival de Cinema Baiano?

Victor Aziz - O objetivo é apresentar um panorama do cinema produzido por realizadores baianos, natos ou naturalizados.
Tendo em vista o atual contexto das produções audiovisuais na Bahia, onde por um lado encontramos um elevado número de bons Títulos, e por outro, ainda enfrentamos um impedimento muito grande nos campos da exibição e distribuição dessas obras, buscamos construir um espaço que possibilita a relação do público com a obra e com os realizadores.
Com o projeto pretendemos trazer a produção baiana para o público através de 3 mostras com filmes de longas-metragens e 2 mostras com filmes de curtas-metragens, são elas respectivamente: Mostra Atualidade com exibições de filmes premiados do cinema baiano; a Mostra Retrospectiva em comemoração aos 100 anos da cinematografia baiana no ano de 2010; Mostra Sexualidades, que traz o debate sobre cinema, sexualidade e sociedade; Mostra Competitiva de curtas-metragens que premiará 5 títulos através do Júri Popular; Mostra Paralela, com a exibição de curtas enviados para o endereço que está no site www.feciba.com.br até o dia 20 de dezembro de 2010. Desta forma promoveremos uma ação de descentralização dos bens audiovisuais.
Para viabilizarmos financeiramente o projeto, a proposta do Festival de Cinema Baiano foi inscrita e aprovada no Edital de Mostras e Festivais Audiovisuais do Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia

Operária das Ruínas - Como você avalia o atual cenário da produção cinematográfica na Bahia?

Victor Aziz - Estamos caminhando progressivamente na busca por uma consolidação da produção. Editais, Leis de Incentivo Fiscal, Patrocínio Direto, Independentes, Universitários, enfim... Atualmente, há uma gama de possibilidades para a produção cinematográfica. Com as novas tecnologias também, produzir tornou-se mais fácil. Não é mais primordial registrar a imagem em película. Agora pode ser feito com uma câmera fotográfica ou de celular.
Hoje, existe uma quantidade de profissionais familiarizados com a técnica e a estética da produção cinematográfica, vários realizadores exibindo seus filmes em diversos festivais estaduais, nacionais, internacionais e sendo premiados. Temos cursos universitários voltados para a produção cinematográfica. Desta forma, além de fomentar a produção aos novos realizadores, conferem-lhe referencial teórico.
É preciso agora trabalhar numa rede que articule estas produções, que gere constantemente escoamento das produções, nos seus diversos formatos e principalmente que trabalhe no aumento da quantidade de salas de exibição e formas de distribuição em todo o estado. Assim, conseguiremos consolidar a produção e ter espaço para a devida exibição.

Operária das Ruínas - Quais os entraves para a democratização do acesso a essas produções em nosso Estado, sobretudo no que se refere aos municípios do interior?
Victor Aziz - Podemos citar, inicialmente, a quantidade de salas de cinema no Brasil e constatar que temos 2.098 e destas, 71 estão localizadas na Bahia, sendo que 72% estão localizadas na cidade de Salvador. Ou seja, são cerca de 206 mil habitantes para cada sala de cinema do nosso estado. A concentração das salas na capital, inclusive, é um dos fatores que influencia nesta democratização do acesso.
Em outras épocas, todas as cidades de interior tinham um Cine Teatro, os quais atuaram diretamente na construção da memória coletiva daquela população. Mas, após o advento da televisão, do DVD, do computador e da internet, inseridos numa sociedade cada vez mais dinâmica, tornou o homem, escravo do comodismo. O ritual para ir ao cinema, antes seguido por diversas pessoas, hoje é praticado por poucos.
Ainda temos poucos cineclubes em nosso estado. Uma alternativa muito importante para suprir esta demanda que atua também diretamente na formação de público. Desta maneira, observamos uma fragilidade do ciclo produtivo que acaba por causar impedimento para o acesso às produções.

Operária das Ruínas - Quais têm sido as principais contribuições do NUPROART na reconfiguração do cenário artístico-cultural no sul da Bahia?
Victor Aziz - Acreditamos que nossa principal contribuição para a região neste momento está na formação de público, estímulo a produção de artistas locais e promoção e valorização da cultura regional. Através de ações em parceria com a Panorâmica Produções como o Festival de Cinema Baiano (2011), o documentário Memórias do Rio Cachoeira (2011 Direção Victor Aziz) a Mostra Universitária Salobrinho de Audiovisual – MUSA 2010, a exposição Afrofilisminogravura de Ayam U´brais (2010), realização do video-clipe "Jeep" (2009 Direção Edson Bastos) da banda Mendigos Blues. Apoio a Produções Independentes como o vídeo clipe "África"(2009 direção Briza Aziz) da banda Manzuá, o documentário “Santinho” (2010 Direção Lina Penalva). A promoção de oficinas gratuitas de flauta, violão e bateria em parceria com o Instituto de Flauta Carlos Oliveira (Itabuna) para crianças do bairro Manoel Leão em Itabuna, na sede do NUPROART.
Nos projetos que realizamos priorizamos sempre a troca de conhecimentos e experiências, por meio de oficinas, palestras, trabalhos coletivos.

Operária das Ruínas - O poder público local tem se engajado nesse desafio?
Victor Aziz - Do poder público local até agora só recebemos não. Por outro lado, temos feito parcerias muito importantes e duradouras com algumas instituições públicas que atuam na região como, por exemplo, a Universidade Estadual de Santa Cruz e seus diversos departamentos, núcleos, centros e colegiados, a Fundação Cultural de Ilhéus. Algumas instituições privadas e pessoas físicas.

Operária das Ruínas - A proposta do I FECIBA é (felizmente) bastante pretensiosa. A organização do evento espera mobilizar um público constituído por qual perfil?
Victor Aziz - Estudantes secundaristas e do ensino superior, professores, profissionais da área cultural, pesquisadores, artistas, cineastas, videoartistas, teatrólogos, roteiristas, escritores, VJ’s, DJ’s, profissionais liberais, profissionais da área do audiovisual, turistas, cinéfilos, músicos, atores. Pessoas interessadas em assistir as produções baianas e participar das discussões e oficinas voltadas para o audiovisual.

Operária das Ruínas - Os organizadores do I FECIBA vislumbram quais desdobramentos advindos da realização do evento?
Victor Aziz - Sabe o que escutamos aqui? Comentários como: “Fazem cinema aqui na Bahia? Nossa estes filmes devem ser horríveis! Vocês vão precisar arrastar as pessoas da rua para entrar no cinema.” Ou comentários como este: "O cinema brasileiro já não é uma grande coisa ……..salve engane lá de década em década aparece alguma coisa (TROPA DE ELITE). Imagina cinema baiano." (http://www.pimenta.blog.br/?p=60750)
Portanto, o que queremos neste momento é fazer essa ponte entre as obras e o público do interior do estado, mostrar que existe uma cinematografia baiana e muito bem feita, para em seguida, depois do público formado, abrir as fronteiras dos seus pensamentos para todas as outras possibilidades de filmes.
Pretendemos também, através das oficinas gratuitas de Roteiro com Clarissa Rebouças, Produção, com Paula Gomes e Direção de Arte, com Carol Tanajura incentivar a formação para o audiovisual. As inscrições estão disponíveis no site: www.feciba.com.br