
Quando eu nasci, já recebi a cruz,
plantada no caminho á minha espera,
a projetar a sua sombra austera
onde eu busquei sedento paz e luz
Quando eu nasci, já recebi Jesus
como anúncio de dor e primavera.
Mas era uma outra luz; uma outra esfera —
meu caminho, não sei onde conduz.
Resta-me a cruz e a dura provação
dos espinhos da vida, triste dança
de enganos, dissabores, ilusão.
que penetram-me o peito feito lança
e afastam a luz que a vista não alcança —
numa só chaga pulsa o coração.
Ildásio Tavares faleceu dia 31 do mês passado, estava com 70 anos.
Ildásio nasceu em Gongogi, na Fazenda São Carlos, mas foi registrado como sendo de Ubaitaba, terra dos camaradas Ismera (guitarrista dos Mendigos Blues) e Léo Batera (ex-batera dos Mendigos), e com certeza não era um dos maiores poetas vivos da Bahia por conta de sua pouca altura, mas era dos melhores, vertical.
Ildásio prefaciou o livro Diálogos, organizado por Gustavo Felissíssimo, no qual deixei alguns haikais como contribuição.
Quem quiser conhecer um tanto de sua obra, pode começar procurando em:
http://www.germinaliteratura.com.br/itavares.htm
foto recolhida da página do jornal A Tarde
poema encontrado na página do Jornal de Poesia