terça-feira, 10 de novembro de 2009

38º Alvorecer - Haikai e as lições naturais(parte19)



retrato preto e branco
são chacinas racistas
em fotos de jornais





Tenho me apaixonado pelos estudos históricos constantemente e cada vez mais. As leituras relacionadas a história transformam minha intimidade, minha visão, minha relação com o mundo. me enriquece na medida em que permite uma aproximação com motivaçãoes de atitudes de muitos que estão bem próximos, me facilita o diálogo.
Estudar a história de nossa formação e trocar idéias com amigos e amigas, além de ter a oportunidade de contato com as atividades do movimento Negro, das pesquisas de Brisa, ajudaram-me a refinar constatações óbvias, mas que para muitos não estão tão nítidas assim. Estou falando do racismo, mais especificamente no racismo contra negr(as)os.
Todos os dias os espetáculos da carnificina e da morte relacionados à violência entre as pessoas são expostos nos jornais. O que me surpreende mais do que isso é o fato de que nas manchetes os mortos em sua maioria são afrodescendentes de zonas perifericas das cidades (pelo menos aqui em Itabuna é assim), basta acompanhar o noticiário por um curto período para se perceber. Por isso, por ser tão óbvio, é que me surpreendo mais, e ainda mais, quando tentam abafar o caso negando perceber (ou fingem não perceber) que essa atitude das polícias pertencem a uma herança de política de estado, de embranquecimento da população, de extermínio dos grupos negros ou que tenham qualquer traço que indique negritude.
Para entender esse processo, não podemos nos restringir a simplismos a formação da personalidade do indivíduo, julgando se não sei quem é um crápula ou não, é preciso falar da importação de mão de obra européia, da classificação do criminoso a partir de aspectos físicos, da constituição física de nossos presos, de um estado com fronteiras políticas hegemônicas inventadas por um pensamento europeu, da não distribuição de condições para sustento na época da assinatura da lei áurea, entre tantas outras atitudes de um estado que até hoje se mostra racista, para que se compreenda as mazelas impostas a essas nações, que, para além de qualquer dificuldade, superou-se e resistiu, e hoje marca profundamente nossa história, impondo avanços no reconhecimento de sua contribuição.
Por isso mais essa lição que aprendemos de maneira tão natural.