quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

18º alvorecer - Manoel de Barros


Poeta é um ente
que lambe as palavras
e depois se alucina.


I

O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.

I
Conheço de palma os dementes de rio.
Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzama
e de Rogaciano.
Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar
no horizonte.
Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas ruas
de Corumbá.
Me disse que as coisas que não existem são mais
bonitas.

3 comentários:

Laísa disse...

Mithonho!!
Nem sabia que vc andava por estes becos...

Que bom..
estarei sempre visitando.

Abração.

Laísa disse...

Pode crer!
Na verdade...o pouco de ornamentação que tem no meu blog, foi presente de aniversário que um amigo me deu. O cara manja de net e fez umas papagaiadas pra mim. Sei mexer em pouca coisa, mas se precisar de ajuda....tamo aê.

Rolou som? que massa... faz tempo que não sei o que é isso. Ando meio afastada desse tipo de evento. As vezes bate a saudade, dá vontade de juntar de novo, mas aí lembro que eu não ando lá muito amorosa nem expansiva. Aí me quieto em casa mesmo.
Mas ainda assim, quando rolar de novo me avise. Quem sabe daqui até lá eu já tô melhor?

:D

Beijo pra vc, Brizoca e Rudah.

muriloha disse...

Manoel de Barros é sempre maravilhoso!