sexta-feira, 25 de março de 2011

71º Alvorecer - Haja inteligência!!


Hoje foi um dia cheio de movimentação na Universidade. Peguei a partir do pedaço em que o pessoal manifestava-se contra homofobia no inferninho. É que, até onde sei, o proprietário do bar proibiu um casal homossexual de namorar lá. Fiz um repente contra a atitude do cara mas não deu para falar... agora esqueci.
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Então fui para mais uma boa aula do professor Carlos José. O cara fala, fala, fala e sempre com muita propriedade nos faz refletir a respeito de nossa condição, das diferenças, de como podemos sintonizar grupos de apoio mútuo. Ele desconstrói e constrói ao mesmo tempo.
"cada passo que dou, o mundo sai do lugar"
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Uma aula bem preparada que começou falando sobre formação, relatividade e respeito cultural. Sobre como podemos aprender com o outro mesmo quando estamos numa posição institucional "superior", uma aula sobre o trânsito da sabedoria, sobre ficar sempre antenado. Uma conversa que a gente tem intimidade mas que não pode deixar de ser reafirmada.

Assistimos esse vídeo, que vale a pena repetir:


Saí dez minutos mais cedo da aula, queria ver os amigos reunidos no bar de seu Gil: Schimidel, Raoni, Lívia, Paavo, Bagão etc. Uma turma boa, uma energia massa!
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Encontrei com Coutinho, o refinado, e começamos a conversar, e aí ele me deu uma aula sobre música erudita, sobre o pensamento musical, Satie, Stockhausen, uma bom papo. Logo alguém se interessou e entrou na conversa. Não vou dizer quem foi para não comprometer a colega, mas ela falou sobre uma "viagem" de uma professora.

Chamo agora sua atenção para essa pérola; vejam o conceito exposto pela formadora:
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Segundo a dita cuja, há na música baiana, mais precisamente no Axé, no axé mais contemporâneo, uma poética, uma poesia fortemente enraizada no Movimento da Semana de Arte Moderna de 22.
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E conclui:
A prova mais viva desse raciocínio, dessa pérola de criatividade, dessa defesa da inteligência antropofágica, dessa superconectividade com as propostas mais radicais de Oswald de Andrade, está numa música que diz assim: "vou te comer, vou te comer, vou te comer, vou te comer".
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É... deixa eu ver... huumm...lá vai: Está condensada, capsulada na voz desse cantor um recado de um povo garboso, conhecedor de suas fronteiras culturais, que atua em duas frentes: pavonea-se, ergue-se, impõe uma postura rija contra aquele que tiver pretensões de penetração em seu território e mostra-se como nação expansionista, ereta, frondosa.
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Apoio essa tese baseado nas trocas culturaris entre o axé e os tropicalistas, que também sofreram influência dos modernistas. Outro elemento sustentador dessa tese é a força que o Axé vem ganhando nos estados do sudeste, irradiadores da cultura de massa de nossa nação.
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No mais, desculpe o leitor mais sensível minha boca aberta, mas... vá se lascar com tanta masturbação mental!
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Sou mais o que Gerônimo diz:



Depois dessa, só descansando. Vou dormir.

8 comentários:

Raphael Coutinho disse...

Refinado, Mither? hauhauhuaaa
Deixe de modéstia hómi, ahuauha,
não dei aula prá seu ninguém, mas deixo como saudosa lembrança (rs) estes vídeos (primeiro dois do Erik Satie, depois um vídeo do Glenn Gould, um dos maiores pianistas do século XX):

http://www.youtube.com/watch?v=S-Xm7s9eGxU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=rOwsS9hdr3I

http://www.youtube.com/watch?v=Gv94m_S3QDo

pronto, até mais dr!

E a fagia do anthropos? dá-lhe axé! nunca pensei que fosse... não vou dizer isso, rs

abs

Mither disse...

rapaz, Gymnopédie 1 é linda.
eu já conhecia mas não sei de onde.
macia, serena, simples tranquilizante, amorosa. uma cadência leve, muito sutil.

Todas são muito bonitas Coutinho.

Haja vida.

Valeu

Sol Maria Rodrigues disse...

Mither,
ótimo tempo de reflexão. Li e gostei. Queria o vídeo do moço indignado (primeiro vídeo). Passe-me depois.
Já somos homens muito velhos para termos ainda de não ver.
Parabéns e um abraço.

iana . disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
FL8 disse...

Faz um tempo que o Grupo Jacques Loussier Trio lançou álbum que revisita as Gymnopedies, Gnossiennses de Satie.
Entre as Gnossiennses de nº um a seis, intercalam-se variações interpretativas da Gymnopedie nº 1. Maravilhosas. Aos aventureiros musicistas, deixo o link do torrent deste álbum: Http://thepiratebay.org/torrent/4022411

O Glenn Gould é o cara... e o Oswald também. O primeiro antropofagiou Bach. O segundo, antropafagiou [...] (Cada um com sua opinião, com seu paladar. Se desejarem, completem) !

Quanto à Oswald. Vale lembrar: é o homenageado da próxima Festa Internacional do Livro de Paraty. vale o link: http://www.flip.org.br/homenagem.php
Oia, a FLIP será bem nas férias da UESC... quem se habilita?

Raphael Coutinho disse...

auhauhuha
com essa exclamação, desse tamanho todo, rs, eu quase pensei noutro verbo, mais exclamativo e sem o devido pronome: aja inteligência! ahuhaua, brincadeira e dúvida...

Manzuá é antropófaga? auhuhauha

abs Mither

Genny Xavier disse...

Mither,
Esse é um orgulho besta que temos dos alunos que passam por nossa vida professorável...rssss...
Gosto da forma como você aprendeu a subverter a palavra na revolução do pensamento...
Ex-profe
Genny

Unknown disse...

Saudações, grande Mither.
Gostei por alguns segundos,
visualizando o fio da meada.

Então, perguntar pra você o
seguinte:
pandeiro, no meio, é improviso?