sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

61º Alvorecer - Aos educadores


Estimular o exercício de formação é ofício do educador. A formação está vinculada ao caráter. São camadas, dimensões, calíbres temporais, espaciais, fisiológicos, econômicos, étnicos, etc, interpenetrantes, que sustentam as possibilidades do exercício formativo.
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Me impressiona como descobrimos na atividade educadora o fluxo das responsabilidades, a projeção da dissolução da ortodoxia tradicional Educador-educando. Digo isso baseado, além de outras coisas, numa experiência muito feliz que tive hoje: Amanda Gava, minha aluna da 7º série, fez a apreciação de alguns haikais que expus em sala. Sua simplicidade na interpretação, honestidade, interesse, espontaneidade, pontualidade, seu prazer estavam expostos, valorizando os poemas. Fiquei muito entusiasmado. Seu texto enxuto me renovou as águas, trouxe fôlego.
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Lembrei-me de Leminsk, quando ele diz que aquele que dá poesia ao poema é o poeta. Seja ele o poeta que escreve ou o que lê.

Ele diz isso numa passagem curta do vídeo, mas não nos furtemos de assisti-lo por inteiro.
Vejamos:





Esse trecho da fala do paranaense está em comunhão com o poema do sul-baiano Marcos Vinícius Rodrigues, que diz assim:



Ao Leitor

Decide por mim esse verso
que o dia se faz pressa.

Hesitar é interdito e
as horas reclamam passar

Decide a rima, sentencia a métrica,
que não há mais o que eu possa.

Todo poema implora
um leitor que o faça.


Portanto, é na projeção estética da obra e suas delimitações formativas que devemos buscar a valoração do caráter, do sentido do autor, da obra, do povo. E é nesse pé, é nessa dança, que ponho minha crença na educação. Na visualização de uma imagem onde a tortura do formalismo escolar está vencida, onde não se potencializa as "características comuns dos sujeitos, em detrimento de suas singularidades e capacidade criativa", onde o caráter do nosso povo está fogoso de coragem, fluidez e liberdade. Amém.

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