quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

59º Alvorecer - Arte e dinheiro, ô cheiro bom!



o quadro

Marx cravou a moral que diz que o escritor não deve escrever para ganhar dinheiro, mas ganhar dinheiro para escrever. Me exercito para não virar um moralista, mas essa sagacidade do barbudo acertou em cheio. Ela está pejada de sentido e pode ser direcionada para as artes em geral.
-
A arte é uma invenção nossa, que não se resume à dimensão racional, tecnicista, é uma sabedoria que trata da estese, da sensibilidade. Com ela nos conectamos a camadas e camadas da realidade. Subimos e descemos montanhas, alçamos perspectivas, mutamos.


pink floyd

De acordo com a miração do comunista, podemos distinguir níveis a partir da noção de comprometimento do artista: Se é um artista com autonomia, vertical, ou um publicitário, empenhado apenas em ganhar dinheiro.
-
Não conseguimos entender a diluição, o recuo na obra de tantos artistas se não levarmos em conta a questão financeira, o arrocho e concorrência na classe, a sedução dos produtores-financiadores, etc, etc.
-
Quem diz que o mercado regula esquece de dizer que ele não regula muito bem. Com tanta coisa crua saindo do forno, descartáveis, sem resistência, não dá pra pensar muito diferente a respeito da crueldade desses tempos. Talvez vivamos a era do lixo.
-
Ocorre que não há entulho impeça a dignidade na vida.
Fiquemos com um poema de Edson Cruz:

UIVO

a vida é breve e urge ser plena
mesmo que o sopro leve
o ânimo dessa pena
e a dor urre sob o acúmulo de neve
VIVO

mundo livre s/a



Nenhum comentário: